No mundo, o Brasil é o segundo país que mais realiza cirurgia bariátrica, de acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM). Inclusive, a SBCBM também constatou que, de 2011 para cá, a procura por esse tipo de intervenção cresceu mais de 84%. No entanto, apesar de a operação melhorar a vida do paciente em diversos aspectos, ela não o exime de complicações como a hérnia de Petersen.
Quando falamos de cirurgia bariátrica, também devemos considerar os tipos de técnicas utilizadas. Entre os brasileiros, a By-pass gástrico está entre as mais usadas. Ou seja, esse formato, normalmente, ajuda o paciente a perder cerca de 40% a 45% de seu peso inicial, por isso o método corresponde a 75% de todas intervenções quando o propósito é facilitar a perda de peso.
Geralmente, do grupo de pacientes que se submente à metodologia, aproximadamente 5% apresentam complicações relacionadas à hérnia de Petersen. Então, para que você fique por dentro desse assunto, neste artigo conto outros detalhes.
O que é hérnia de Petersen?
A hérnia interna, como também é conhecida, trata-se basicamente da migração de parte do intestino, por meio de espaços gerados sinteticamente durante a operação. Normalmente isso acontece depois de o paciente perder muito peso.
Como isso ocorre?
Para que você entenda essa dinâmica, é preciso visualizar o seguinte: a técnica de By-pass é uma das que mais ajuda o paciente a perder peso, porque, a partir dela, o estômago é reduzido consideravelmente.
Depois da diminuição, forma-se uma pequena bolsa — chamada de “pouch”. Além disso, o cirurgião cria um desvio de passagem de alimentos no intestino, por intermédio de uma alça intestinal.
Então, essa alça é cortada e levantada até o “pouch” para a efetuação de uma anastomose, que consiste na união dela com a sutura (costura) do estômago novo. Portanto, automaticamente, cria-se uma mudança na anatomia natural.
Depois dessa reconfiguração estrutural, a alça transpassa um pedaço do intestino grosso. No caso, o cólon transverso, que a parte onde as fezes são formadas.
Então, a partir disso, as alças intestinais (intestino delgado) e o intestino grosso são interligados pelo “meso” ou tecidos gordurosos, à parede abdominal — dorso — do paciente. Dessa maneira, os vasos sanguíneos e linfáticos chegam no intestino, o que possibilita a nutrição desses órgãos.
Entretanto, o contato dos tecidos gordurosos do intestino e da alça intestinal provoca o aparecimento de um espaço durante a cirurgia, denominado de Petersen.
Ou seja, mesmo que o intestino delgado esteja conectado à parede abdominal, existe nessa região uma movimentação normal do abdômen, por isso, em virtude desse deslocamento, algumas partes do intestino podem passar por essa brecha ou Petersen. Logo, isso provoca a hérnia interna.
Qual é o tratamento?
Após o diagnóstico, a intervenção cirúrgica é o método adotado pelo especialista. Normalmente o procedimento envolve laparoscopia, já que o cirurgião precisa avaliar todo o intestino, bem como todas as brechas geradas na cirurgia, a fim de avaliar a ocorrência de hérnia interna. Depois que o problema é constatado, ele coloca as alças intestinais no local certo e fecha os espaços costurando e selando os defeitos.
A hérnia de Petersen nem sempre causa prejuízo ao paciente e, em alguns casos, ela é assintomática. Porém quando as alças aumentam, por conta da alimentação ou devido à quantidade de alças que passam pelo espaço, as complicações e os sintomas podem surgir.
Quer saber mais? Estou à disposição para solucionar qualquer dúvida que você possa ter e ficarei muito feliz em responder aos seus comentários sobre este assunto. Leia outros artigos e conheça mais do meu trabalho como cirurgião do aparelho digestivo em Ilha Solteira e Barretos!